terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sr. Wilson e Sr. Pereira


Dois homens estavam muito doentes: o sr. Wilson e o sr. Pereira. Eles ficavam em um quarto bem apertado; ali só cabiam os dois: duas camas, dois criados-mudo, uma porta que dava para o corredor e uma janela que dava para o mundo.
Parte do tratamento do sr. Wilson exigia que, toda tarde, ele ficasse sentado na cama por uma hora. A cama dele ficava perto da janela. O sr. Pereira, no entanto, deveria ficar o tempo todo estirado na cama. Os dois tinham de ficar sem se mexer e em silêncio. Foi por isso que os colocaram naquele quarto apertado, mas eles ficaram satisfeitos por terem paz e privacidade. É claro que uma das desvantagens da situação era que não podiam fazer muita coisa: nada de leituras, nada de rádio e certamente nada de televisão. Eles simplesmente tinham de ficar quietos e parados, apenas od dois ali.
Costumavam a conversar horas e mais horas a respeito de esposa, filhos, casa, emprego, passatempos, infância, o que aconteceu com eles na época da guerra, onde passavam as férias, todo tipo de assunto. Todas as tardes o sr. Wilson, que ficava ao lado da janela, era ajeitado para passar uma hora sentado. Nesse tempo, ele descrevia o que conseguia enxergar do lado de fora. E o sr. Pereira começou a viver aguardando aquelas horas.
Aparentemente, a janela dava vista para um parque com um lago, onde havia patos e cisnes, crianças jogando pedaços de pão para as aves e brincando com barquinhos, além de namorados andando de mãos dadas sob as árvores. Havia flores e áreas gramadas, algumas pessoas jogando bola, outras aproveitando a folga para pegar sol e, bem no fundo, por trás da copa das árvores, vislumbravam-se os belos contronos da cidade. O sr. Pereira ouvia tudo isso, desfrutando cada minuto - como uma criança quase caiu no lado, como as garotas ficavam bonitas nas roupas de verão, o animado jogo de bola ou o menino brincando com o seu cachorrinho. E assim acontecia. Quase que ele conseguia enxergar o que estava acontecendo do lado de fora do quarto.
Numa bela tarde, um pensamento cruzou a mente do sr. Pereira: Por que só o Wilson, que fica perto da janela, pode ter o prazer de ver o que se passa lá fora? Por que eu não posso ter a mesma chance que ele? Envergonhado, ele procurou não pensar dessa maneira. Entretanto, quanto mais se esforçava mais desejava trocar de lugar com o companheiro. Ele faria qualquer coisa para isto! Em poucos dias ele se tornou uma pessoa amarga. Era ele quem deveria ficar na janela. Ficou remoendo sua queixa.
Certa noite, enquanto olhava fixamente para o teto, o sr. Wilson repentinamente se levantou, tossindo e engasgando por causa dos líquidos em seus pulmões. Tateando, procurou no escuro o botão que chamaria a enfermeira com urgência até o quarto. O sr. Pereira ficou observando sem se mexer. A tosse rasgava a escuridão, sem interrupção. O sr. Wilson ficou sufocado e imóvel. O som da respiração cessou. O sr. Pereira continou com os olhos fixos no teto.
Pela manhã, a enfermeira apareceu com a água para o banho dos dois e descobriu que o sr. Wilson tinha morrido. Na hora que achou apropriada, o sr. Pereira perguntou se poderia ficar na cama do lado da janela. Ele foi transferido para a outra cama, arrumaram-no de maneira confortável e o deixaram sozinho. Tão logo o quarto ficou vaziuo, ele fez um grande esforço para apoiar-se em um dos cotovelos e, contorcendo-se, conseguiu olhar pela janela.
A janela dava para uma parede lisa.

Sua atitude faz toda diferença do mundo. Algumas pessoas encontram diante delas uma parede sem nada e nela vêem uma pintura ressecada. Outras vêem nela belas oportunidades e inúmeras possíbilidades. Qual é a sua atitude de hoje?

Por Aline Wachtler
(trecho editado do livro "Online com Deus" de Jim Burns) 

Um comentário:

  1. Sempre precisamos ver as coisas boas, penasamento positivo, crer em Deus. Não podemos criar uma "parede sem nada" em nossa mente e coraçao.
    Parabéns pelo post amor, ficou uma benção.

    BIEL TIMM

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